Era uma vez um pequeno pato chamado Nico que vivia numa bela fazenda junto ao lago. A mãe de Nico, a senhora Patolina, era conhecida como a nadadora mais veloz do lago, e os irmãos de Nico eram também nadadores corajosos que se aventuravam nas águas todos os dias. No entanto, Nico tinha um segredo: ele tinha medo de nadar.
Enquanto os irmãos deslizavam pelo lago com graça e facilidade, Nico permanecia na margem, observando-os. Ele adorava chapinhar com as patinhas, mas nunca se atrevia a mergulhar e nadar como os outros. Tinha medo da água profunda e das sombras escuras que se moviam sob a superfície. O simples pensamento de se afastar da margem deixava-o nervoso.
O Medo que Ninguém Sabia
Nico mantinha o seu medo em segredo, porque achava que os outros patos ririam dele. Ele imaginava os irmãos a fazer piadas e a mãe a olhar para ele desapontada. Por isso, cada vez que chegava a hora de nadar, ele inventava uma desculpa: — Hoje não, estou a sentir uma dor na asa, — dizia Nico. — Hoje prefiro ajudar a senhora Galinha a procurar minhocas na terra, — ou então inventava outra desculpa qualquer.
A verdade é que ninguém sabia que Nico sentia medo da água profunda, nem mesmo a sua mãe. Ela achava que Nico apenas gostava mais das margens e respeitava isso. Mas, no fundo, Nico sentia-se triste por não poder participar nas brincadeiras e aventuras dos irmãos. Sonhava em deslizar pelo lago como eles, sentindo a liberdade de nadar sem medo.
O Encontro com o Amigo Tartaruga
Um dia, enquanto explorava a margem do lago, Nico encontrou uma tartaruga chamada Téo. Téo estava a tomar um banho de sol e parecia muito relaxado. Nico, curioso, aproximou-se e puxou conversa: — Olá, Téo! Como é que consegues estar tão calmo, mesmo tão perto da água?
Téo riu-se e disse: — Sabes, Nico, eu também tinha medo da água, mas percebi que a água pode ser amiga, desde que a conheçamos aos poucos. Gosto de nadar devagar, e, com o tempo, aprendi a desfrutar de cada momento.
As palavras de Téo surpreenderam Nico. Nunca tinha pensado que alguém como Téo, que estava sempre na água, poderia ter sentido medo antes. Essa conversa plantou uma ideia em Nico: e se ele começasse a experimentar a água aos poucos, sem pressa? Talvez conseguisse vencer o medo!
O Primeiro Mergulho
No dia seguinte, Nico aproximou-se do lago e decidiu molhar as patinhas, tal como fazia habitualmente. No entanto, desta vez, respirou fundo e entrou um pouco mais. Sentiu a água a subir pelas penas, cobrindo o peito e fazendo cócegas. O coração batia forte, mas Nico não recuou. Em vez disso, lembrou-se do conselho de Téo e deu um pequeno mergulho, ficando a boiar na superfície. Sentiu a água a envolver o seu corpo e, com surpresa, percebeu que não era tão assustador quanto imaginava.
Aos poucos, Nico começou a chapinhar e a dar pequenos impulsos com as patinhas. Quando viu o reflexo dele na água, a sua expressão de surpresa e felicidade foi ainda maior. Ele estava a nadar, ainda que devagar, mas estava a nadar!
O Incentivo da Senhora Patolina
A sua mãe, a senhora Patolina, estava a observar o progresso de Nico e aproximou-se com um sorriso carinhoso. — Nico, vejo que estás a experimentar a água! — disse ela com orgulho. — Não precisas de ser o nadador mais rápido ou corajoso do lago. Basta confiares em ti mesmo e seguires o teu ritmo.
Nico sentiu-se aliviado ao ouvir as palavras da mãe. Ele percebeu que o mais importante era enfrentar o medo e fazer o seu melhor, em vez de tentar ser como os outros. Aquilo deu-lhe mais confiança, e, com o incentivo da senhora Patolina, Nico começou a nadar um pouco mais todos os dias, sempre respeitando os seus limites e avançando ao seu ritmo.
O Dia da Grande Travessia
Com o passar das semanas, Nico tornou-se cada vez mais confiante. Ele não era o nadador mais rápido do lago, mas agora nadava sem medo. E, um dia, algo inesperado aconteceu: os irmãos de Nico desafiaram-no para uma travessia do lago.
No início, Nico hesitou. O lago parecia maior e mais assustador quando pensava em atravessá-lo de uma ponta à outra. No entanto, ele lembrou-se do conselho da mãe e da conversa com Téo. Encheu-se de coragem e aceitou o desafio, prometendo a si mesmo que não se preocuparia com a velocidade, apenas em chegar ao outro lado.
Quando todos começaram a nadar, os irmãos de Nico dispararam à frente. Nico, no entanto, manteve o seu ritmo, concentrado e calmo, focado na travessia. Ao longo do caminho, sentiu-se orgulhoso por cada movimento que fazia na água, lembrando-se de como tinha começado com medo de um simples mergulho.
Finalmente, ao chegar ao outro lado do lago, foi recebido com aplausos pelos irmãos e por Téo, que tinha ido assistir. Mas o melhor de tudo foi ver o sorriso de orgulho da senhora Patolina, que o abraçou e disse: — Conseguiste, Nico! Venceste o teu medo, e isso é mais importante do que qualquer corrida.
Moral da História
A história de Nico ensina-nos que enfrentar os nossos medos não significa sermos os mais rápidos ou os melhores, mas sim acreditarmos em nós mesmos e avançarmos ao nosso ritmo. A coragem é conquistada aos poucos, e cada pequeno passo conta!