No coração de uma floresta densa e verdejante, vivia um elefantinho chamado Tito. Ele era um elefantinho muito especial, pois tinha um sonho que ninguém da sua família ou amigos podia entender: Tito queria cantar. Todos os dias, ele ouvia os pássaros a trinarem nas árvores, as rãs a coaxarem junto ao rio e até os macacos a entoarem canções divertidas. Aqueles sons pareciam dar vida à floresta e deixavam Tito fascinado. Ele queria, mais do que tudo, fazer parte dessa música e dar a sua voz para tornar o mundo mais alegre.
Certa manhã, Tito decidiu que iria finalmente tentar. Inspirado pelos pássaros, respirou fundo, esticou a tromba e soltou o som mais alto que conseguiu.
— TROOOOOOMMMM!
O som foi tão alto que todos os animais da floresta pararam o que estavam a fazer e olharam para ele. As pequenas aves quase caíram dos galhos, as rãs ficaram em silêncio e até os macacos pararam de pular.
— Uau, Tito! — disse seu amigo, o macaco Paco, com um sorriso brincalhão. — Isso foi… bem… barulhento!
As aves começaram a rir, e uma das corujas, que estava a descansar no seu galho, revirou os olhos e exclamou:
— Tito, querido, cantar não é bem… a tua especialidade.
Tito sentiu-se muito envergonhado. Ele sabia que não tinha uma voz leve e melodiosa como a dos pássaros, mas, no fundo, acreditava que podia encontrar um jeito de tornar o seu sonho realidade. Ele afastou-se, com o coração pesado, pensando que talvez nunca pudesse cantar como imaginava.
Nessa mesma tarde, enquanto Tito caminhava desanimado pela floresta, encontrou-se com a velha tartaruga Tati, uma sábia amiga que tinha vivido muitos anos e visto de tudo na floresta. Tati percebeu o ar triste de Tito e perguntou:
— O que se passa, meu querido?
— Ah, Tati, eu só queria cantar como os pássaros, mas acho que a minha voz é demasiado… forte, barulhenta. Ninguém gosta de ouvir-me — suspirou Tito, baixando a tromba.
A tartaruga olhou para Tito com carinho e disse:
— Tito, cada um de nós tem um dom único. A tua voz pode não ser igual à dos pássaros, mas isso não significa que não possa fazer música. Talvez só precises de encontrar o teu próprio jeito de cantar.
Animado com as palavras da tartaruga, Tito decidiu não desistir. Ele passou a praticar todos os dias, explorando diferentes sons que podia fazer com a tromba. Em vez de tentar imitar os pássaros, Tito procurava expressar-se do seu próprio jeito. Aprendeu a fazer sons suaves e ritmados, imitando o sopro do vento nas folhas, e até encontrou um jeito de fazer pequenos “trooooms” que se pareciam com batidas musicais.
Com o tempo, Tito percebeu que o seu canto era único, como uma percussão que ressoava pela floresta, enchendo o ar de ritmo e alegria.
Um dia, enquanto Tito praticava, os pássaros começaram a juntar-se ao som. Curiosos e admirados com o ritmo divertido que Tito criava, começaram a cantar em harmonia com ele. As rãs também se juntaram, croacando de forma a acompanhar as batidas profundas de Tito, e até os macacos começaram a bater nas árvores para fazerem parte da melodia.
De repente, toda a floresta estava envolta numa música alegre e harmoniosa, criada a partir do som único de Tito. Ele percebeu que não precisava ter uma voz suave para fazer música – o seu som forte e ritmado era essencial para que todos se unissem e criassem uma melodia encantadora. A sua batida era o que dava base e ritmo à música.
Quando a música terminou, todos os animais aplaudiram Tito. Mesmo as aves, que antes riam dele, agora sorriam, admiradas com o talento do elefantinho.
— Tito, o teu som é maravilhoso! — exclamou a coruja, agora convencida. — Nunca ouvimos nada como isto!
Com o coração cheio de alegria, Tito percebeu que encontrou o seu lugar na música da floresta. Ele aprendeu que, mesmo que o seu som fosse diferente, ele tinha um papel importante. E, mais importante ainda, aprendeu que, ao aceitar quem era, podia partilhar a sua alegria com todos à sua volta.
Desde aquele dia, Tito continuou a praticar as suas batidas ritmadas e únicas, trazendo alegria a todos os animais da floresta. Ele aprendeu a amar a sua voz e o seu jeito de fazer música, e a floresta inteira tornou-se mais alegre por causa disso.
Lição de Vida: A história de Tito ensina-nos que cada um tem um dom único, e que não precisamos ser iguais aos outros para contribuir e fazer a diferença. A verdadeira beleza está em aceitarmos quem somos e encontrar um jeito de usar o que nos torna especiais para espalhar alegria e harmonia ao nosso redor.