O Sapo que Não Gostava de Saltar
Numa pequena lagoa, rodeada de árvores altas e flores coloridas, vivia um sapo chamado Simão. Ele era um sapo muito especial, com uma cor verde brilhante e olhos curiosos. Mas, ao contrário dos outros sapos, Simão tinha uma característica peculiar: ele não gostava de saltar. Enquanto os seus amigos passavam o dia a saltitar de uma folha para outra, rindo e brincando, Simão preferia ficar sentado numa pedra, apreciando a beleza da lagoa.
— “Porque não saltas, Simão?” — perguntava a sua amiga Bela, a borboleta, com as suas asas brilhantes de cor laranja e preto. — “Saltar é tão divertido! Podes sentir o vento nas patas e ir mais longe do que imaginas.”
— “Ah, Bela…” — suspirava Simão. — “Eu acho que saltar é cansativo e, para ser honesto, assustador. Prefiro estar aqui, tranquilo, a ver o sol brilhar na água e a ouvir o canto dos pássaros.”
Todos na lagoa gostavam de Simão, mas ninguém entendia por que ele evitava aquilo que era mais natural para um sapo. Até mesmo os sapos mais velhos diziam que Simão, mais cedo ou mais tarde, iria descobrir o prazer de saltar.
Um dia cheio de surpresas
Num belo dia de primavera, a lagoa estava cheia de vida. Os peixes nadavam alegremente, as rãs coaxavam e as borboletas, como Bela, voavam de flor em flor. Enquanto os outros sapos preparavam uma grande competição de saltos, Simão, como de costume, observava tudo de longe, sentado na sua pedra favorita.
— “Simão, junta-te a nós!” — chamou Lucas, o sapo mais ágil da lagoa. — “Vai ser uma diversão incrível! Quem saltar mais alto ganha um prémio especial!”
Simão sorriu, mas abanou a cabeça. — “Saltos não são para mim, Lucas. Prefiro ficar aqui a ver-vos.”
Lucas encolheu os ombros e continuou a praticar os seus saltos impressionantes. Bela, no entanto, sentou-se perto de Simão, pousando suavemente numa flor ao lado da sua pedra.
— “Sabes, Simão,” — disse ela suavemente, — “às vezes, fazer algo que nos assusta pode mostrar-nos o quão fortes somos. Não tens de saltar para competir. Podes simplesmente saltar por ti mesmo.”
Simão olhou para Bela e sorriu, mas ainda assim, não se sentia preparado.
O chamado inesperado
Naquela tarde, enquanto todos os sapos estavam ocupados com a competição, ouviu-se um barulho estranho. Um pequeno pássaro, chamado Pipo, estava a tentar aprender a voar e, com um movimento desajeitado, caiu na água perto da margem. As suas asas molharam-se, e ele não conseguia voltar a voar.
— “Socorro! Não consigo sair daqui!” — gritou Pipo, agitando as asas com desespero.
Os outros sapos tentaram ajudar, mas estavam longe demais para chegar a tempo. Simão, que estava mais perto, olhou fixamente para Pipo. Sentiu o seu coração acelerar. Sabia que, para chegar até ele, teria de saltar — e muito.
Num momento de coragem que nem ele sabia que tinha, Simão saltou da sua pedra. Foi um salto tímido ao início, mas logo ganhou confiança. Um salto após o outro, ele atravessou a lagoa, e com um grande impulso, alcançou Pipo.
— “Não te preocupes, Pipo. Eu vou ajudar-te!” — disse Simão com um sorriso caloroso.
Com um esforço final, Simão empurrou Pipo para fora da água e para um local seguro na margem. Pipo, molhado mas agradecido, olhou para Simão com admiração.
— “Obrigado, Simão! Nunca teria conseguido sair sem a tua ajuda!”
Novos horizontes
Depois de salvar Pipo, Simão sentiu algo diferente dentro de si. Ele tinha descoberto que saltar não era assim tão assustador — e que, às vezes, era necessário para ajudar os amigos. Mas mais do que isso, ele percebeu que, com um pequeno salto de coragem, podia alcançar coisas que nunca imaginara.
No dia seguinte, enquanto o sol brilhava novamente sobre a lagoa, Simão decidiu juntar-se aos outros sapos para praticar pequenos saltos. Não para competir ou impressionar, mas porque agora sabia que, de vez em quando, um pequeno salto podia abrir portas para grandes aventuras.
Bela, a borboleta, pousou ao lado dele, sorrindo.
— “Vês, Simão? Saltar não é só sobre ir mais alto ou mais longe. É sobre descobrir o que somos capazes de fazer quando tentamos.”
Simão, agora mais confiante, olhou para a sua amiga e sorriu. — “Acho que tens razão, Bela. E sabes o que mais? Saltar pode ser divertido, afinal.”
Moral da história: Às vezes, o que mais nos assusta é aquilo que nos ajuda a crescer. Não tenhas medo de dar o primeiro salto, pois é assim que descobrimos o nosso verdadeiro potencial.