O Relógio Mágico
Era uma vez um menino chamado Tomás, que vivia numa pequena aldeia cheia de árvores, passarinhos e caminhos que levavam a todos os lugares. Tomás era curioso e adorava descobrir coisas novas todos os dias. Um dia, enquanto brincava no jardim da sua avó, encontrou uma pequena caixa de madeira escondida entre as flores. Dentro da caixa, havia um relógio antigo e brilhante, com ponteiros que pareciam dançar no mostrador.
— Uau, que bonito! — disse Tomás, admirado. Ao virar o relógio para ver melhor, ele reparou numa inscrição minúscula: “Para quem deseja voltar no tempo”.
Tomás, curioso como sempre, apertou o botão maior do relógio sem pensar duas vezes. Num piscar de olhos, o mundo à sua volta começou a rodar, e quando parou, Tomás percebeu que estava de volta ao dia anterior! Estava no parque, no exato momento em que tinha tropeçado numa pedra e caído, machucando o joelho.
— Espera, posso evitar isto! — pensou ele.
Dessa vez, Tomás contornou a pedra cuidadosamente e, com um sorriso satisfeito, continuou a brincar sem se machucar. “Que fantástico! Posso corrigir todos os meus erros!”, pensou ele.
Nos dias seguintes, Tomás usou o relógio mágico sempre que alguma coisa corria mal. Quando derrubava o copo de leite, voltava no tempo para não o entornar. Quando discutia com a sua amiga Joana, voltava atrás para evitar a discussão. Tudo parecia perfeito.
Mas, à medida que Tomás continuava a usar o relógio, começou a notar algo estranho. As coisas à sua volta estavam a mudar, mas não da maneira que ele esperava. A sua amiga Joana, que antes riam juntos de todas as suas brincadeiras, agora parecia distante. Os passeios no parque já não lhe traziam a mesma alegria, e o doce sabor da descoberta estava a desaparecer.
Uma tarde, Tomás estava sentado num banco do jardim, olhando para o relógio mágico nas suas mãos. Sentia-se confuso. No momento, apareceu a sua avó, sempre sábia e gentil, que se sentou ao seu lado.
— Estás com um ar pensativo, meu querido — disse a avó, passando a mão pelos cabelos dele. — O que te preocupa?
Tomás suspirou e contou-lhe tudo sobre o relógio mágico. Como tinha voltado no tempo para corrigir todos os seus erros, mas agora sentia que algo não estava bem.
A avó sorriu docemente e pegou o relógio nas suas mãos.
— Sabes, Tomás, os erros são uma parte importante do nosso crescimento. É a cair que aprendemos a levantar-nos mais fortes. Se nunca tropeçássemos nas pedras do caminho, nunca aprenderíamos a contorná-las.
Tomás olhou para a avó, sem entender completamente.
— Mas não é melhor evitar os erros? — perguntou ele.
— Às vezes parece que sim — respondeu a avó, com paciência. — Mas os erros ensinam-nos a ser mais cuidadosos, a pedir desculpa, a ser gentis. E, acima de tudo, ensinam-nos a ser nós mesmos. Se sempre voltarmos atrás para mudar o que aconteceu, nunca aprendemos o verdadeiro valor de seguir em frente.
Tomás olhou para o relógio mais uma vez. Percebeu que, ao mudar o passado, estava a perder as lições que cada pequeno erro lhe trazia. Decidiu que, a partir daquele momento, iria guardar o relógio como uma lembrança, mas nunca mais voltaria no tempo.
Naquela noite, ao deitar-se, Tomás sentiu-se mais leve. Sabia que o futuro ainda lhe reservava muitos tropeços, mas agora não tinha medo. Estava preparado para aprender com cada um deles, com o coração cheio de coragem.
E assim, enquanto o vento sussurrava pelas janelas do quarto e as estrelas brilhavam no céu, Tomás adormeceu tranquilamente, sabendo que, não importa o que aconteça, ele cresceria com cada nova experiência.